Você certamente já ouviu em algum lugar que as empresas que desejam se manter competitivas precisam adotar uma cultura de inovação. Mas, afinal, o que é a inovação corporativa de que tanto se fala?
Por que - e de que forma - as startups, pequenas, médias e grandes corporações podem desenvolvê-la? (Você não leu errado: a inovação corporativa não está restrita apenas às startups.)
Como trazer este conceito para o dia a dia da sua empresa, para que ele não fique apenas no discurso ou no plano das ideias abstratas?
É sobre isso que vamos falar nesse texto, começando pela pergunta “o que é inovação?”.
Sem colar, você saberia responder?
O que é inovação?
Novas tecnologias. Novos produtos. Novos negócios. Novas formas de comunicação.
Essas são algumas das respostas que podem ter passado pela sua cabeça. Todas elas estão corretas - de certa forma.
Isso porque o conceito de inovação está muito ligado ao de transformação digital - mas não é restrito a ele.
De uma forma (beeeeem) simplificada, transformação digital são as mudanças de hábitos e comportamentos (de consumo, trabalho, transporte, comunicação etc) desencadeadas pelo avanço tecnológico.
Já inovação é a capacidade de mudar e se adaptar a essas transformações — e até de antevê-las! As inovações podem implicar tanto em mudanças radicais como em pequenas melhorias em cima de produtos e atitudes que já existem.
Agora que estamos na mesma página… como este conceito de inovação se encaixa na realidade das empresas?
O que é inovação corporativa?
Desenvolver uma cultura de inovação nas empresas significa muito mais que desenvolver novos produtos e serviços ou expandir a atuação para novos mercados.
Inclusive, pode ser que a sua empresa já esteja inovando e nem tenha consciência disso.
O processo de receber feedback do seu público e a partir daí melhorar um produto, serviço ou experiência para o cliente representa uma mentalidade de melhoria contínua - que tem tudo a ver com a cultura de inovação.
Além dessa mentalidade de melhoria contínua e do desenvolvimento de novas soluções ou novos mercados, outros pontos que caracterizam a inovação corporativa são:
- uma gestão inclusiva e horizontal;
- liberdade criativa para propor novas ideias e soluções;
- comunicação e processos de trabalho mais fluidos;
- equipes e colaboradores com maior autonomia;
- uma cultura de testes, que permita errar rápido e barato — para buscar melhorias constantes.
Também é importante lembrar que a inovação corporativa só é real quando gera algum valor para a organização.
Seja um avanço no relacionamento com os clientes, no posicionamento da empresa, nos processos de gestão ou mesmo no retorno financeiro, é preciso que a inovação venha acompanhada de resultados.
Como diz a ideia central de um livro do especialista em gestão e liderança, Marshall Goldsmith:
"O que nos trouxe até aqui não é o que vai nos levar até lá"
A verdadeira inovação corporativa é aquela que vai manter a sua empresa sustentável e fazê-la ir além, ir “até lá”!
5 dicas para desenvolver a inovação corporativa
Legal, você já sabe o que significa o conceito e conhece a importância de ter uma cultura de inovação na sua empresa.
Criar uma cultura de inovação - um ambiente propício para novas ideias - é o passo mais importante para que a inovação surja nas empresas.
Então, listamos um conjunto de características que devem ser desenvolvidas para criar este ambiente de inovação corporativa.
Glaucia Alves, Diretora de Consultoria da Delloite e mentora do GBC em Liderança e Gestão de Pessoas, abordou durante a Liderança Week - evento online e gratuito promovido pela escola Conquer - conceitos de uma reportagem da Harvard Business Review.
Glaucia falou sobre os 5 pilares necessários para implementar uma cultura de inovação nas empresas. Confira quais são eles:
1. Tolerância ao fracasso e ao erro - mas nunca à incompetência!
Um dos fundamentos para desenvolver uma cultura de inovação é a disposição a encarar o erro como parte do processo de aprendizado e crescimento.
Mas atenção! É essencial saber distinguir o erro ocasional - aquele que resulta em evolução - de incompetência, desleixo ou falta de comprometimento.
Se a empresa mantém funcionários em posições que não correspondem às suas competências, habilidades e atitudes profissionais, inevitavelmente a cultura será prejudicada.
Para que a organização tenha tolerância ao fracasso, a barra para os colaboradores deve ser alta - e as lideranças também devem estar maduras para compreender (e não repreender) este processo de aprendizado!
2. Disposição para experimentar de forma disciplinada
Um segundo pilar que sustenta a inovação corporativa é a cultura da experimentação.
A disposição para experimentar é vista como um processo-chave para melhorar produtos e processos internos que já não atendem às necessidades do cliente e da empresa. Também é o caminho para orientar quais serão os próximos passos, influenciando diretamente no futuro da organização.
E o que significa experimentar de forma disciplinada?
Muitos profissionais, por receio de dizer “eu não sei a resposta” diante de uma questão desafiadora, cometem o erro de fazerem suposições, sem dar atenção aos dados e à teoria. Outro erro comum é sair executando tarefas sem ter um método e um bom planejamento definidos.
Experimentar de forma disciplinada é não pular nenhuma parte do processo.
O processo ideal de testes começa em coletar feedbacks das pessoas impactadas por determinada decisão, passa por formular e testar hipóteses com um método definido, priorizar para dirigir melhor os esforços e recursos da empresa e sempre se perguntar se o aprendizado ou produto final daquele experimento deverá gerar valor para a organização.
3. Estimular a franqueza - ou o diálogo aberto - em um ambiente de confiança
Como já adiantamos no começo do texto, uma comunicação fluida é um dos pontos que caracterizam a inovação corporativa. Quando as pessoas se sentem à vontade para falar verdadeira e abertamente sobre os problemas, para dar ideias e sugerir soluções, sem medo de represália, o ambiente se torna favorável à inovação.
Mas pouco adianta vender um discurso de franqueza e diálogo aberto se a empresa não está preparada para lidar com isso na prática. Quando os feedbacks não são bem-recebidos, as pessoas passam a temer a crítica, o debate de novas ideias e perspectivas diferentes (especialmente quando as ideias partem de um superior).
Para garantir a sobrevivência da cultura de inovação, é preciso que todos os colaboradores - líderes ou liderados - sintam que, mais que uma possibilidade, é o seu dever buscar, oferecer e absorver feedbacks sinceros.
4. Colaboração com responsabilidade individual
Este é um ponto que merece destaque entre as empresas que se orgulham de ter uma cultura de inovação: a maior parte delas possui times diversos e altamente colaborativos.
A multiplicidade de conhecimentos, vivências e pontos de vista possibilita um ambiente rico em termos de inovação. E quando essas diferentes habilidades são colocadas em prática para solucionar problemas de maneira colaborativa, a empresa só tem a ganhar.
Mas a colaboração não deve isentar os membros do time da sua responsabilidade individual. É importante que existam expectativas e entregas claras para cada colaborador, e que o seu desempenho (seus resultados e alinhamento cultural com a organização) seja avaliado de forma específica.
5. Horizontalidade e uma liderança forte
A nossa última dica - não menos importante - para desenvolver uma cultura de inovação na sua empresa é quebrar o paradigma de que o “chefe” é um ser superior e inacessível - a pessoa que sempre coloca o ponto final nas decisões.
Nas organizações horizontais, as pessoas têm a liberdade de agir, tomar decisões e expressar suas opiniões - independente do seu cargo ou hierarquia. E nem por isso a posição do líder tornou-se dispensável!
Para desenvolver uma cultura de inovação na sua empresa, é importante que os profissionais estejam engajados e conheçam o seu papel para fazer essa transformação acontecer.
O que evidencia a necessidade de uma liderança forte e bastante presente no dia a dia do time - orientando e inspirando os profissionais da equipe nesse processo de mudança cultural.